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Preto no branco

  • Yayá Lisboa
  • 2 de fev. de 2017
  • 2 min de leitura

Sentir-se mal por não ser branca; por ver cabelo “ruim” brotar de suas raízes; por ter nascido assim. Traços que marcam a vida de uma, duas, da maioria das mulheres negras desse país.

Essa é a ferida em que “Mc K-bela” (Flupp Pensa, 2012) toca. Diante do sucesso do conto autobiográfico, a estudante de Jornalismo da PUC – Rio, Yasmin Thayná, teve, em 2013, seu texto adaptado para o teatro monólogo e, em 2015, para o cinema. O curta-metragem “Kbela” (23 min) - dirigido por ela - constrói, a partir de planos contundentes, uma crítica ao “embranquecimento” imposto às mulheres negras, traço do padrão eurocêntrico de beleza adotado mundialmente. Isso as torna, desde a infância, perseguidoras de uma “brancura” inatingível e, assim, jamais se veem belas “ao natural”.

Dispondo de uma fábrica abandonada no bairro de Santa Teresa (RJ) como locação principal, a produção foi totalmente independente e sem recursos. Assim, a diretora contou com o trabalho voluntário da equipe e do elenco – composto por negras residentes no Rio de Janeiro, convocadas por Yasmin pelas redes sociais –, além de equipamentos emprestados, que vão de acessórios (Farm) à câmera utilizada na gravação.

Uma cabeça feminina tendo o cabelo “domado” pelas mais distintas substâncias; uma mulher negra tingindo-se de branco; outra, com seu corpo ensacado: imagens que chocam. A alegria em ver seu cabelo “ruim” tomar bela forma; a liberdade do “desembranquecimento”, de ver-se linda como realmente é; a aceitação e adoração de suas raízes africanas: imagens que encantam. O curta é um soco no estômago da sociedade racista e um abraço em cada mulher negra que, após assisti-lo, sentirá orgulho em ter a pele dessa cor.

Após circular por várias partes do país, o curta-metragem está sendo exibido entre os dias 28 de janeiro e 1° de fevereiro no 46º International Film Festival Rotterdam.

https://iffr.com/en/2017/films/KBELA

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